domingo, 20 de março de 2011

Domoo Origatoo

Qualquer pessoa que já pisou em um Tatame tem pelo menos respeito pelo povo japonês.
Eu que tenho mais de 20 anos de tatame tenho além de respeito profunda admiração, aprendi muito com a cultura, costumes, culinária e religião dos nossos irmãos do outro lado do mundo.
Esta semana tem sido bem difícil para as pessoas que tem alguma ligação com o Japão, vendo a catástrofe que se abateu sobre aquele povo de forma avassaladora e aparentemente interminável, pois todo dia acontece algo novo e aterrorizante, como se o quinto maior terremoto da historia não fosse o bastante, ainda veio um maremoto e um acidente nuclear.
Incrível como ainda assim eles se mantem dignos, verdadeiros Samurais lutando contra monstros gigantes como víamos em Nacional Kid, aliás nem no seriado a cidade ficava tão destruída.
Não há saques ao comercio nem furtos, o povo inteiro luta unido para a limpeza e reconstrução do País.
Depois das enchentes no litoral do Paraná também nesta semana, soube que os comerciantes estão vendendo garrafas de água de 300 ml a 10 reais para seus próprios vizinhos, incrível como Brasileiro quer tirar vantagem até nessa hora, por isso não somos um grande País, por isso temos os políticos que temos, o político nada mais e do que um representante do povo e ao que vejo estamos muito bem representados.
Que tipo de ser humano tira vantagem de quem perdeu tudo e não tem nem água para beber? Eu sei a resposta, o tipo que mora em Brasília e faz isso há 200 anos com a seca do nordeste.
Meus profundos sentimentos aos que sofrem no Japão sei que não serve de consolo, mas pelo menos vocês tem com quem contar.

terça-feira, 8 de março de 2011

São Paulo - A Capital Mundial da Gastronomia Cearense

De 6 ou 7 anos pra cá vinha gostando cada vez menos de comida japonesa, ai outro dia fui ao Katsuo e descobri que adoro a cozinha nipônica, não gosto dessa comida de rodízio feita por brasileiros.
De verdade a grande maioria dos restaurantes hoje não tem japoneses atrás das facas. Não tenho nada contra brasileiros ate porque sou um, mas o que aconteceu com a cozinha japonesa me fez refletir sobre toda a gastronomia paulista e descobri um pouco chocado que transformamos a cozinha Francesa, Italiana, Japonesa em comida nordestina.Por favor, não estou falando mal ou bem estou apenas constatando o fato. Sou cozinheiro há 20 anos e sempre ouvi falar que cozinheiros bons são os nordestinos e realmente eles tem uma mão abençoada para tempero, mas do jeito deles, sem fichas técnicas e sem o compromisso que o imigrante tem com a tradição.Amigos meus que foram recentemente a Europa comentaram sobre a falta de sabor da cozinha francesa, a frase deles foi “a comida salgada não tem sal e a doce não tem açúcar”.Eu traduzo isso por DELICADEZA, à cozinha Francesa e parte da Italiana tem sutileza nos sabores, os ingredientes não brigam entre si cada nota está no lugar correto da partitura.

Por muitos anos comida Italiana em SP era feita em cantinas por cozinheiros Brasileiros e nada tinha a ver com a cozinha da minha avó que era bem mais leve e saborosa, nos crescemos achando que comida Italiana é pesada, é normal ouvir de pessoas que vem de viagens à Itália que nossa Pizza e melhor que a deles, peraeeee a farinha deles é melhor o tomate deles é melhor o queijo deles é infinitamente superior ao nosso, como a nossa com ingredientes piores pode ser melhor?
Fácil, nos acostumamos nosso palato ao tempero dos trópicos o que gostamos é da cozinha franco brasileira, Ítalo brasileira, Nipo brasileira etc.Mas na cozinha européia de SP aconteceu uma reviravolta, feita por jovens que em sua maioria foram estudar e trabalhar na terra mãe e voltaram com conhecimento para fazer essa transformação, gente como o Ravioli, o Arno e mais recentemente o Bertolazzi estão trazendo de volta os sabores da verdadeira Itália e começo a deslumbrar este movimento também nos restaurantes japoneses o Sakamoto e o Koike tem resgatado a tradição, além é claro dos tradicionais endereços no bairro da liberdade onde ainda encontramos japoneses atrás da expositora de peixes como o Yassu e o Yamaga.

Que bom que estamos na capital mundial da gastronomia onde podemos escolher se queremos comida típica ou típica com temperinho brazuca.

quarta-feira, 2 de março de 2011

Num mundo só de Artistas

Não tenho conhecimento de causa para afirmar que este fenômeno é mundial, mas aqui no Brasil a coisa ta cada vez mais feia.
Agora todo mundo é ou vai ser artista, pessoas sem talento algum para as artes lutam para entrar em programas de confinamento e se tornarem Globais.
Caracas, será que só eu vejo que aquele programa é inspirado no Zoológico? O pior é que a “famatização” está se espalhando por profissões variadas, até medico ta virando celebridade.
Minha profissão que sempre foi desgastante e por isso mesmo não tinha o menor glamour virou de cabeça pra baixo, agora pra ser Chef tem que ser jovem, bonito e descolado, aposto que você já visualizou 2 ou 3 que se encaixam nesta descrição.
Além disso, o Chef/modelo/atriz tem que ser super Criativo, reinventar, descobrir ingredientes, texturas, sabores, tudo tem chips, crisps, espumas é uma total falta de consistência, comida tem que aquecer a alma e não o cérebro.
Por favor, olhem os mais recentes indicados a Chef revelação e verão que não tem praticamente nenhum cozinheiro, são todos lindos e descolados, saídos diretamente do elenco de malhação.
Não tenho nada contra gente jovem, mas os grandes cozinheiros da História foram reconhecidos aos 40 anos e aqui no Brasil com 20 se você for bonito já está despontando como Grande Chef, as revistas especializadas viraram Vogues da gastronomia e quem perde com isso?
Você, que é obrigado a comer criatividade no lugar de comida, por isso estou empenhado em voltar aos clássicos bem executados; diga não a lecitina de soja que cria espumas, vá ao Jardim di Napoli; diga não ao crisps de alho poro e vá comer um Suflê no Marcel; diga não a comida pseudo-oriental e vá ao Hong He comer Guiozas.

Como diria minha avó beleza não se põe na mesa.
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